"A prestação de serviços de saúde vive uma crise há tempos, mas as soluções apresentadas, e não foram poucas, não tem dado respostas satisfatórias aos usuários e à sociedade. Atualmente, o sistema é considerado caro, burocrático, fragmentado e não está bem avaliado na produção daquilo que todos almejamos que é gerar saúde. A palavra-chave talvez seja escassez. Construímos, involuntariamente, um sistema com vários núcleos de escassez. O conceito de valor em saúde, que todos concordamos, tem sido algo bonito, mas abstrato. Os clientes não sabem como avaliar, onde consultar, como usá-lo a seu favor. Por tudo isso, se faz imperioso termos uma proposta de um modelo que nos leve a superar, pouco a pouco, essas questões complexas, mas essenciais.
A construção de um modelo que direcione as organizações de saúde para a centralidade do valor para o paciente - value based health care - é muito bem-vinda e, mais do que nunca, necessária. Os autores do modelo MCPAD, entre os quais, membros da academia (engenheiros especializados em serviços de saúde) - acertam ao enfatizar que 'não bastará simplesmente aferir desfechos clínicos de forma rigorosa. Será necessário também orientar um realinhamento estratégico dos prestadores de serviço' para que a nova realidade possa ser sustentável.
Também acertado que as informações sejam validadas por uma terceira parte, crível e independente.
Portanto, não se trata simplesmente de mudança, mas de transformação via aprendizado na prática. Boa base teórica, mas aprender na prática, com os pacientes, na beira do leito, como nos ensinou o patriarca da medicina contemporânea, William Osler. Nortear essa transformação é a proposta do MCPAD.
Adquirir 'competência' e 'maturidade' a partir de desfechos capturados e processados com rigor, também especifica processos de certificação por meio de terceiras partes independentes que darão credibilidade à transformação.
A realidade da pandemia do COVID 19, acentuou uma tendência já posta: a prestação de serviços de saúde terá de ser repensada, e a referência para isso é o do 'cuidado com base em valor'. Faltava, porém, uma proposta de uma 'norma' para regular as atividades correspondentes. O MCPAD é uma boa iniciativa e uma resposta a essa carência.
Vamos submetê-lo aos desafios do mundo real. O método científico evolui com o princípio de termos uma proposta (a tese, e já temos uma – o MCPAD), submetê-lo à prática, identificar e debater os problemas encontrados (a antítese) e, finalmente construir a síntese.
Não devem ser esperados resultados rápidos, mas a jornada tem que começar. O modelo MCPDA é um bom começo."